No gargalo tinha um grito
que escorregou na última gota
e encheu de desespero
meu copo até a boca.
Verti num só gole o amargo
na esperança calada
que ficasse embebido
em cerimônia o tal grito.
Não ficou.
E a mistura que fazia
eu, o copo, a boca, o grito
aquele dito fatídico
de todos os fins e inícios.
Era mais do que eu podia.
Gritei.
Gritei desde a pré-história
até o universo sem memória
a cruel e total nudeza
a dor de me ter a morte
presa
e indefesa.
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