quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Um grito

No gargalo tinha um grito
que escorregou na última gota
e encheu de desespero
meu copo até a boca.

Verti num só gole o amargo
na esperança calada
que ficasse embebido
em cerimônia o tal grito.

Não ficou.

E a mistura que fazia
eu, o copo, a boca, o grito
aquele dito fatídico
de todos os fins e inícios.

Era mais do que eu podia.
Gritei.

Gritei desde a pré-história
até o universo sem memória
a cruel e total nudeza
a dor de me ter a morte
presa
e indefesa.

Nenhum comentário: