terça-feira, 22 de novembro de 2011

Me diga...

Me diga se sou louco
se te vejo pouco
se te sinto longe
vou ficando onde?
só me vejo sombra
só caminho em ondas
se te sinto não
fico, sim, sem rumo
tão assim sem prumo
fico pelos cantos
pura solidão.

Abraço

O que me acerta o passo
é ter seu abraço
ocupando
sem embaraço
todo meu espaço.

Não

Não. Não encontrei minha definição.
As palavras são meu vício.
Acalmam a abstinência
O tremor
As contradições

Por dentro as mesmas contrações
a mesma náusea.
Enforcando-me a angústia
das interrogações.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Limites


O mar jamais se limitará
ao enquadre dos meus olhos.
E eu também sou esse mar
divino
que não caberá
no espaço dessa vida.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Muro

Aquele muro riscado
passado em olhares
apressados
era a beleza
revelada insistente
no rascunho
do tempo presente.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Escrevo

Se me escrevo 
prendo-me em palavras
que me amarram
em significados
nulos.
E ao mesmo tempo
em que me escrevo
escorro verdadeira
pelos cantos dessas letras
que me revelam inteira
muito além
do que eu mesma
queira.

sábado, 12 de novembro de 2011

Linha

Uma linha do horizonte uniu
nossos lábios imprecisos
cheios de desejos trêmulos...
Definiu então o começo
do meu amor pelo céu
do seu amor pelo mar
E nunca separou nosso beijo
da linha seguindo distante
lembrando os tempos de antes...
quando céu e mar nada sabiam
que não fosse, um ao outro,
amar.

Orquídea




Entre as orquídeas há a calma
das cores exatas.
Não há o falar, o pensar,
o que perguntar...
Entre as orquídeas há o silêncio da beleza
a resposta das formas
o aroma da certeza.
Há nas orquídeas
a alma
de ser plena
natureza.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Maturidade

Por que não os tempos maduros?
Que dispensam as provas
as falas grandiosas
a pressa das horas
Que trocam as certezas
pelo silêncio da dúvida
Que enxergam longe,
enrugam a pele,
alargam o coração.
E fazem caber o céu
nos olhos azuis
da realização.



Entrega

Há um conforto em espiar
pela janela miúda
da dor presente
e perceber que
permaneço voando
nas asas do mistério
até exatamente
onde devo
chegar.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Volta

Me escapa um suspiro
depois um sorriso
um beijo
outro beijo
lambido
um abraço bem dado
colado
um gemido
perdido
delírio
vencido
De volta me escapa
um suspiro.

Púrpura

Nos tempos nublados
quase tristes 
onde a vida insiste
em transcorrer transparente
Não desisto de esperar 
aquele súbito pingo
púrpura
a impregnar de poesia
todos os cantos 
todos meus dias.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Olhares

Dos olhares que atirei ao mundo
alguns enxergaram longe
outros caíram mais perto
muitos, de mim, nem partiram.

E de fato, os que em mim ficaram,
mais que todos,
me mostraram.

Me conheceram profundo
Meus recortes, minhas falências
Meus ricos, impedimentos
E refletiram aos poucos
o brilho
o fosco
o todo
do que fui por dentro.

sábado, 5 de novembro de 2011

Universo


Gosto dos seus detalhes
Escondidos
Os que só eu vejo
Implícitos
E gosto de saber
Que há em você
Um universo
De mistérios

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cores

Gosto de ver o trem
sozinho
serpenteando os campos
dessa vida
sem dúvida
sem pressa
sempre deixando a certeza
de que o que vale a pena
são as cores
pelo caminho

Prata


Tão branca
A lua escancarava
Sua pele nua
E em arrepios
Quase implorava
Que sobre ela
Se derramasse
A prata
Do seu prazer



terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pausa

Diante de uma flor
Há uma pausa
Uma fresta
Um tropeço do tempo
Um mistério suspenso
Há um imenso
Diante de uma flor